“Dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc, 9-13)
Ao dar esta ordem aos seus discípulos, Jesus nos conclama a não ficarmos esperando que as coisas caiam gratuitamente do céu. O Mestre nos ordena para irmos ao encontro do irmão, mostrar iniciativa, não esperar que outros façam a nossa parte.
Naquele tempo Jesus viu a multidão com fome e compadeceu-se dela, pois não tinha o que comer. Seus discípulos sem entender ainda a sua missão ficam desconcertados com tamanha multidão, não sabiam o que fazer e então imploraram ao Mestre, para que ele dispensasse todas aquelas pessoas que estavam ali para ouvir a boa nova, que fossem buscar alimentos e descanso nas proximidades.
Jesus cheio de misericórdia os admoesta e dá uma ordem: “Daí-lhes vós mesmos de comer”.
Obedecendo a ordem Mestre, mesmo sem entender, pegaram cinco pães e dois peixes que estavam com um menino e começaram a distribuir pelos famintos, após estes alimentos serem abençoados por Jesus.
Jesus naquele momento, não se preocupou com quem alimentava. Apenas tinha muito amor no seu coração. Não se importou se eram santos ou pecadores, mas apenas pessoas famintas que não tinham o que comer.
Nos dias de hoje, quantas vezes agimos como discípulos que não entendem a nossa missão. Ficamos acomodados e protegidos por uma barreira invisível da indiferença e da discriminação social e principalmente religiosa. Pensamos que temos por obrigação de ajudar apenas as pessoas que nos são afins ou da nossa religião. Agimos com desprezo para com aqueles que não comungam do mesmo credo que nós. Achamos que somente a nossa religião é capaz de nos salvar.
No Evangelho de João 10,16 Jesus nos diz: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor”. Todos somos filhos do mesmo Pai, portanto não há razão para agir diferente do que ele nos manda.
Então como entendermos a razão da discriminação das pessoas apenas pelo fato delas não pertencerem a nossa religião?
Precisamos amar sem olhar para as diferenças. Precisamos fazer o bem a todos, independentemente da sua opção religiosa, fazer como Jesus que um dia morreu na cruz para salvar não só aqueles que o seguiam, mas a toda a humanidade.
Felizmente nos dias de hoje encontramos pessoas e instituições religiosas que conseguem agir desta maneira, cuidando de tantos carentes de nossas periferias, olhando apenas para a sua necessidade: fazendo o bem sem olhar a quem.
Conseguem ainda, de uma forma ecumênica trabalhar com grupos multi-religiosos, juntando forças para fazer o bem e consequentemente contribuir para a construção da verdadeira civilização do amor.
Quem em nossa cidade nunca viu falar de Tio Cleobaldo, um grande Cristão, que comanda uma instituição Espírita chamada LAR DE JESUS. Todos os finais de semana ele e seus amigos saem pelas ruas de nossa cidade distribuindo comida para mendigos e pessoas carentes da periferia. Nunca perguntou a ninguém quem era, o que fazia, qual a sua religião e muito menos faz comentário a respeito deste ou daquela pessoa.
Ele simplesmente ama a todos sem distinção. Neste grupo de amigos tem pessoas Espíritas, Católicas e Evangélicas, que se unem num só objetivo: Amar o próximo.
É um exemplo a ser seguido por todos, que aprendamos a fazer o bem , juntando forças, pois só unidos, conseguiremos vencer a fome no mundo. Afinal de contas, a fome não tem religião. Ela tem que ser eliminada do nosso meio.
Depende apenas de nós.Vamos a luta. A vitória pertence àqueles que temem o Senhor.
JEOVÁ ALCÂNTARA
É Vicentino (Coord. Ecafo do Conselho Metropolitano). Membro titular do Conselho Estadual de Saúde Representando a Arquidiocese de Goiânia, É Mestre em Desenvolvimento e Planejamento Territorial pela UCG e Diretor de Ordenamento e Ocupação do Solo da Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo.
